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Esse vinho vale o quanto custa?

Quem nunca chegou em uma adega ou restaurante e ficou em dúvida sobre qual vinho escolher? Surgem diversas perguntas em nossas cabeças, uma delas é:


Será que existe tanta diferença entre esses vinhos para que um custe dez vezes mais que o outro?


Hoje será essa questão que tentaremos responder juntos. Porém, antes de iniciarmos, devemos fazer uma observação. Vamos desconsiderar dessa análise alguns vinhos icônicos da Borgonha e de Bordeaux, como o Chateau Lafite ou o Romanee-Conti. Eles não podem ser utilizados como referência por ter um grande valor agregado ao seu preço, seja conferidos por sua grife, por sua pequena produção ou por causa dos movimentos especulativos do mercado (hoje em dia isso é muito comum quando os chineses se interessam por certos produtores, mas isso é tema para outra conversa). Para o preço desses vinhos super famosos, o céu é o limite.


Nos demais casos o valor a ser cobrado também vai depender de vários fatores, mas é bem mais fácil explica-los. As principais influências são decorrentes dos métodos de produção (desde o cultivo da uva até o engarrafamento da bebida), dos custos de transporte, do marketing; dos impostos, e, claro, da margem de lucro dos produtores, importadores, varejistas e restaurantes.


O artigo “Is expensive wine worth it?”, do site Wine Folly, é bem interessante e traz um cálculo simplificado mostrando que teoricamente o preço mínimo de um vinho de qualidade é aproximadamente 8 dólares, isso sem considerar os impostos. Ou seja, fazendo a conversão e adicionando impostos, dificilmente teríamos no Brasil um vinho de qualidade com preço inferior a R$ 50,00. Eu discordo. Já tive experiências super bacanas com vinhos comprados por menos que isso (em restaurantes é mais raro). Mas óbvio que é bem mais fácil encontrar um vinho interessante se você estiver disposto a pagar o dobro ou triplo desse valor.


Um exemplo de como o preço do vinho é influenciado pelos fatores de produção está no fato de que a utilização de barris de carvalho novos para envelhecimento do vinho impactam no mínimo em dois dólares no preço de cada garrafa. Isso se for carvalho americano, que é mais barato. Os preços ainda podem ser bem aumentados por causa de outros fatores como colheita manual das uvas, seleção mais rigorosa das frutas, a guarda das garrafas para envelhecimento, entre outros. Um vinho que passa por esses processos vai ter características bem diferentes de outro que não passa. Não será necessariamente melhor, mas com certeza diferente.


Outro ponto importante é que em qualquer produção existem custos fixos e outros variáveis, e isso faz com que existam grandes economias quando algo é produzido em larga escala. Por exemplo, a produção de vinhos em Bordeaux e seus grandes Châteaux é mais que o triplo da produção da região de Borgonha, com seus pequenos domaines, que tem produção de apenas alguns milhares de garrafas. Esse é um dos motivos para que os vinhos da Borgonha sejam mais caros do que vinhos provenientes de Bordeaux. Para ilustrar melhor como a produção da Borgonha é pequena, a Concha y Toro, só no Chile, engarrafa mais vinho que todos produtores dessa região francesa juntos. Não tem como esse fator deixar de influenciar em seu preço, né!?


Mas então: Será que existe tanta diferença entre esses vinhos para um custar dez vezes mais do que o outro?


Sim, é possível um vinho ter o custo dez vezes maior do que outro. Isso não significa que o vinho mais caro vai ser dez vezes melhor do que o mais barato, pois não é possível medir isso objetivamente. Além disso, os vinhos terão estilos tão diferentes que seria até difícil compará-los. Pela minha experiência, você encontra vinhos muito bons em diversas faixas de preço, acontece que quanto mais você gastar, maior será sua chance de encontrar um vinho sensacional. Mas é importante destacar que não existem pré-requisitos para que determinado vinho seja agradável para um determinado paladar. Um bom vinho não precisa obrigatoriamente passar por madeira, ter uvas colhidas manualmente, muito menos ter o selinho de produto orgânico. Ele pode ser um vinho correto e bem feito sem ter essas características.


Entre idas e vinhos …


No meu dia a dia eu sempre tento maximizar a relação qualidade-preço. Não compro vinhos supercomplexos para acompanhar meu arroz com feijão do cotidiano, para essas situações busco por vinhos frutados, que sejam leves, vivos e versáteis. Agora quando vou organizar um jantar com um menu caprichado, procuro escolher um vinho que harmonize com os pratos e proporcione um prazer complementar à comida que está sendo servida. E existem ainda aqueles momentos em que o vinho é o ator principal e tudo é preparado em função da degustação de um vinho especial.


E qual é o preço que devemos pagar para conseguir um bom vinho?


Infelizmente para isso não existe uma resposta certa. É claro que o valor que cada um está disposto a pagar é diferente e todos nós queremos ficar felizes com boas experiências pagando um preço justo. Mas não pensem que existe mágica. Ninguém vai conseguir comprar um vinho da região de Côte-Rôtie por R$50,00 quando na França os vinhos mais básicos de lá são vendidos a partir de 25 euros. No entanto, é possível encontrar alguns vinhos chilenos de boa qualidade que estão na faixa de preço dos R$ 50,00 feitos com a uva Syrah, que é a mesma utilizada nos vinhos daquela região.


Mas, qual é o resumo dessa história toda?


A mensagem que gostaria de deixar é que não precisamos gastar fortunas para degustar bons vinhos. No entanto, também não vamos encontrar vinhos excelentes gastando apenas alguns poucos reais (se você encontrar vinhos provenientes de pequenas sub-regiões, com métodos especiais de vinificação a preços muito baixos, pode desconfiar!). De forma geral, o preço que está sendo cobrado pelo vinho reflete sua qualidade, as características de sua produção e sua origem.


Existe algum segredo para garantir boas experiências pagando um preço justo por um vinho?

A melhor dica que posso dar é: seja curioso. Veja avaliações de especialistas, busque informações na internet, utilize de redes sociais, como o Vivino, ouça recomendações de amigos (geralmente eles conhecem o seu gosto melhor do que qualquer expert), e, principalmente, não se esqueça de acompanhar as dicas do Blog Vinhos do Dia.

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