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Qual foi seu primeiro vinho?


Qual foi o primeiro vinho que você lembra de ter tomado? Quer saber qual foi o meu? Antes de eu te responder, vou te contar uma história. Muitos amigos vêm até mim reclamando que não conseguem beber vinhos finos, geralmente mais secos e com mais álcool, e perguntam o que eles devem fazer para passar a gostar. O mais interessante é que não existe uma resposta única para isso. Aquilo que serviu para mim pode muito bem não servir para você. Acho que depende muito das suas experiências prévias. Se você gosta de uma cervejinha bem gelada ou prefere cervejas especiais; se você gosta mais de uma caipirosca ou de um bom whisky; se você já bebe vinho, mas apenas aqueles suaves (geralmente de qualidade discutível); se você é daquelas pessoas que nunca colocaram uma gota de álcool na boca, mas gostam de cozinhar e querem “aprender” a beber vinho para expandir as possibilidades de harmonização com a comida. Pois é, essas preferências tem uma grande influência no estilo de vinho que inicialmente vai mais lhe agradar. Por isso digo: “a porta de entrada para o mundo dos vinhos vai depender do caminho percorrido por cada um até ali”. Baseado nessa constatação, costumo dar algumas ideias para amigos e para seguidores do @vinhosdodia que pedem dicas de como iniciar suas experiências no mundo dos vinhos. Se a pessoa não tem o hábito de tomar bebidas alcóolicas ou gosta apenas daquela cervejinha mais básica, sugiro que comece por vinhos brancos mais leves, frutados e aromáticos. Vinhos provenientes da América do Sul, como os Sauvignon Blanc do Chile e os Torrontés da Argentina têm essas características. Já se ela está acostumada com bebidas mais doces, indico um Gerwustraminer ou Riesling da Alemanha ou da Alsácia (França). Alguns podem perguntar: por que começar com os vinhos brancos? Para mim é simples! Esses vinhos são menos agressivos na boca, e a combinação do frutado e a quase inexistência de taninos faz com que esses vinhos sejam bem mais tranquilos para um iniciante. Essa desconfiança sobre vinhos brancos geralmente surge porque, apesar do nosso país ter o clima ideal para bebe-los, temos no Brasil a cultura do vinho tinto (onde vinho bom é tinto! ). Isso faz com que muita gente tenha preconceito com o vinho branco. Coitados, não sabem o que estão perdendo! Uma variação dessa sugestão é ao invés de começar pelos vinhos brancos tranquilos, iniciar pelos espumantes. Neles existe uma escala que determina a quantidade de açúcar residual na bebida, o que possibilitaria uma transição mais gradual para aquele que está iniciando. Eles vão desde o doce (que tem mais de 60 gramas de açúcar por litro) até o nature (com máximo de 3 gramas de açúcar por litro). Em alguns casos, se a pessoa não tem tolerância nenhuma a álcool recomendo vinhos de sobremesa como os de colheita tardia que são bem doces e não tem um teor alcóolico tão alto.


Aqueles que já exploram o mundo das cervejas especiais, e às vezes até por isso se interessaram por conhecer vinhos também, são os mais difíceis de agradar, pois costumam ter uma sensibilidade maior para apreciar bebidas. Nesses casos indico partir para algo com mais complexidade, como alguns vinhos de entrada de Bordeaux ou da região do Rhone. Nesses lugares os vinhos são bem bacanas, e entram em cena uma grande diversidade de aromas, como as frutas negras e especiarias nos vinhos do Rhone e café torrado e menta em alguns exemplares de Bordeaux. Para os amigos que gostam de um wiskyzinho, se eles pedem alguma dica, geralmente recomendo começar com vinhos de mais presença: um malbec da Argentina, um shiraz australiano ou até um carbenet californiano. Mas por que para eles a indicação é de vinhos com mais potência? É simples. O paladar deles está acostumado com mais álcool e aquele peso da madeira, então a adaptação tem que ser inversa. Se eles começarem bebendo vinhos de pouco corpo, podem concluir que aquela bebida é sem graça e perder o interesse. E uma coisa que se pode garantir dos malbecs ou cabernet sauvignon californianos é que eles terão bastante presença, geralmente são explosões de fruta na boca com uma boa dose de carvalho. Um tannat uruguaio também seria uma ótima pedida.

A essa altura do texto vocês já devem até ter esquecido a pergunta com que comecei essa coluna, né!? Pois é, perguntei: qual foi o seu primeiro vinho? Essa questão veio à minha cabeça porque muitas pessoas pensam que já comecei com vinhos super bacanas e caros. Mero engano, nem hoje é assim. No meu caso, até os 25 anos praticamente não tinha experiência com álcool. O que eu conhecia de vinhos se resumia a essas cidras que tomávamos nas festas de fim de ano e aos vinhos suaves, de garrafão, que encontramos em qualquer mercadinho. Acho que até cheguei a experimentar o vinho da garrafa azul também.


Mas em outra oportunidade conto para vocês a estória de como comecei a me interessar pelo mundo dos vinhos. Combinado!?



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